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Respostas para perguntas mais freqüentes sobre Taxonomia, Sistemática, Classificação e Nomenclatura Zoológica, com exemplos em moluscos

Qual o significado de subespécie, forma e variedade?
Na literatura zoológica, se observa que as espécies costumam ser divididas em unidades subespecíficas: subespécie, forma e variedade. Dentre estas, o Código Internacional de Nomenclatura Zoológica só reconhece e regulamenta a categoria subespécie. O nome da subespécie é um trinômio, sendo que o último termo corresponde ao nome subespecífico, por exemplo, Ranella australasia gemmifera (distribuição geográfica: África do Sul e Atlântico Oeste). Quando se reconhecem duas ou mais subespécies, automaticamente uma delas deve ter o mesmo nome do que a espécie - a espécie nominal, isto é a subespécie correspondente ao exemplar-tipo da espécie que foi subdividida, Ranella australasia australasia (distribuição geográfica: Pacífico Sudoeste). Ainda segundo o CINZ, a subespécie deve corresponder a uma raça geográfica. Portanto, subespécies distintas não podem ocorrer em simpatria, ou seja, em uma mesma localidade. Se ocorrerem, ou devem ser consideradas espécies distintas, ou variações morfológicas de uma mesma espécie. O CINZ não reconhece formas ou variedades; portanto, nomes atribuídos a essas duas categorias não têm validade em nomenclatura científica. Infelizmente, muitas das formas e variedades citadas na literatura antiga foram interpretadas como sendo subespécies em trabalhos mais recentes, sem a devida análise crítica dos aspectos biológicos.

Como se cita o nome do subgênero?
O nome de um subgênero, quando utilizado em combinação com o nome do gênero e o da espécie, deve ser colocado entre parênteses entre aqueles nomes, por exemplo: Thais (Stramonita) haemastoma. O nome do subgênero não faz parte do nome da espécie, não sendo contado como uma das palavras do nome binominal de uma espécie, ou do trinômio de uma subespécie. Alguns autores elevam o subgênero à categoria de gênero, o que resulta no binômio Stramonita haemastoma. (Ver “nova combinação” e “transferência de espécie de um gênero para outro”).

Dúvidas sobre autoria e data de publicação do nome de uma espécie animal?
Consultar o “site” http://www.biosis.org.uk ou diretamente o link http://www.biosis.org.uk/ion/search.htm. Basta digitar o nome científico no local apropriado e o programa busca o autor e a data correspondentes.

O que significam as abreviaturas sp (ou spp.), cf. e aff. após o nome do gênero?
Para citar uma espécie de um gênero, mas que não tenha sido identificada, faz-se uso da abreviatura “sp.”, que significa “espécie”. Por exemplo, Polystira sp., ou seja, uma espécie qualquer do gênero Polystira. Se for necessário fazer referência a várias espécies do gênero, a abreviatura a ser utilizada é “spp.”, “espécies”: Polystira spp. Deve ser observado que sp. ou spp. não são escritas em itálico ou sublinhadas. Quando o especialista não tem certeza sobre a identificação, é freqüente utilizar a abreviatura “cf.” que significa “confronte com, ou “compare com”: Polystira cf. florenceae . Quando não se consegue identificar uma espécie, se considera que ela deve ser uma espécie nova e afim de uma outra já descrita, utiliza-se a abreviatura aff., do latim affinis, i.e, parente, próxima. Como no primeiro caso, cf. e aff. não são escritas em itálico ou sublinhadas.

Nomen dubium. Quando o nome de uma espécie é considerado nomen dubium?
Nomen dubium (nom. dub.) é o nome cuja aplicação a qualquer táxon conhecido é incerta. Isso se deve a descrições ou ilustrações deficientes, que não possibilitam reconhecer a espécie.
Epitonium eburneum (Potiez & Michaud, 1838) é um exemplo de nomen dubium. Clench & Turner (1951) apresentam uma pequena discussão sobre essa espécie, na página 288 (Clench, W.J. & R.D. Turner, 1951. The genus Epitonium in the western Atlantic. Part. I. Johnsonia 2(30): 249-288). Os autores não informam se existe material-tipo e onde estaria depositado. Informam que a distribuição geográfica é desconhecida. Consideram que não é possível decidir qual é essa espécie. Os poucos caracteres reconhecíveis na descrição deficiente e na ilustração considerada ruim são pouco informativos, e concordam com algumas espécies distintas! Comentam, ainda, que talvez seja semelhante a Epitonium lamellosum e a Opalia australis. Sugerem, por fim, que esse nome saia da lista das espécies do Atlântico oeste. Pelo exposto, apenas o exame do material-tipo poderá resolver o problema. Se estiver perdido, será extremamente difícil descobrir a qual táxon atribuir o nome E. eburneum. Se o material-tipo for localizado e estiver em boas condições talvez seja possível o reconhecimento. Talvez se possa retirar alguma informação nos rótulos que acompanham o material e que indiquem a procedência do(s) exemplar(es). Enquanto isso não acontece, não há como considerar se Epitonium eburneum é uma “espécie válida”, ou se é “sinônimo de outra espécie”. Deve ser ressaltado que o nome é disponível, embora seja considerado nomen dubium.

Como os organismos são classificados? Quais os fundamentos da Sistemática Filogenética ou Cladística?
A teoria da sistemática sofreu profundas modificações a partir de 1950, quando o entomólogo alemão Willi Hennig revolucionou o estudo das classificações biológicas. Hennig mostrou que a classificação dos organismos deve estar relacionada com a compreensão do parentesco filogenético, e não com a simples semelhança, uma vez que a diversidade existente é resultado do processo de ramificação das espécies ancestrais em espécies descendentes. O axioma fundamental da Sistemática Filogenética (também denominada cladismo) é que toda a natureza apresenta uma ordem hierárquica, conseqüência da história evolutiva dos organismos. Essa história pode ser descoberta e representada mediante um diagrama hipotético, denominado cladograma. A hipótese filogenética é construída com base nas novidades evolutivas compartilhadas pelos organismos (sinapomorfias), considerando-se que sejam expressas da maneira mais parcimoniosa possível (princípio da parcimônia).

A classificação cladística apresenta vantagens em relação à classificação construída com base apenas nas semelhanças?
Uma classificação biológica que se baseia na filogenia terá muito mais capacidade de previsão, possibilitará entender a evolução de todos os caracteres, mesmo aqueles ainda não considerados – por serem desconhecidos ou terem sido ignorados pelo taxonomista –, resultando em um sistema de referência mais eficiente. Tal classificação será útil para o sistemata, para o biólogo em geral, e para os pesquisadores das demais áreas correlacionadas à Biologia.

 

 

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