Cores das Conchas
As pessoas geralmente se perguntam
porque as conchas são tão coloridas. As teorias são
as mais diversas e utilizam como base a função das
cores em outros grupos do reino animal, mas o número de exceções
é tão grande quando aplicadas aos moluscos, que não
suporta as teorias.
Observando outros animais, a função
das cores é bastante evidente. As cores servem como camuflagem
- os grilos são verdes, para advertir outros animais de que
são venenosos ou possuem gosto ruim - algumas espécies
de sapos, ou para conquistar ou atrair parceiros - passaros em geral.
Estas regras não se aplicam
às conchas, principalmente as marinhas. Já as conchas
terrestres que vivem sob a camada de folhas mortas nas florestas,
são na maioria marrons, que lhes propicia abrigo seguro entre
as folhas. Outras espécies que vivem em árvores como
as Cochlorinas, possuem cores muito boas que permitem sua
camuflagem entre os galhos das árvores onde vivem. Por isso
é muito difícil encontrar espécies com furos
produzidos por bicadas de pássaros. Já a Auris
bilabiata é branca, e sua cor não é muito
boa para se mimetizar por entre as folhas verdes e galhos, e muito
embora utilize a técnica de se enrolar com as folhas, o número
de espécies encontradas com furos é bastante grande.
Alguns moluscos marinhos como as Cyphomas
e os nudibrânquios possuem cores bastante vivas que servem
de alerta aos predadores. Mas esta pigmentação está
no animal e não na concha (A Cyphoma possui concha
branca e os nudibrânquios não possuem concha externa,
geralmente). Alguns pequenos polvos que vivem no Pacífico
possuem ocelos azuis que advertem os predadores de que ele é
venenoso.
Outros embora possuem cores bastante vivas, estão normalmente
cobertos por uma camada espessa de periostraco, que esconde suas
cores. Já outros, vivem a maior parte do tempo enterrados.
Algumas pessoas justificam a gama de cores que se pode encontrar
nas espécies do gênero Donax, que vive na zona
das marés, como tendo a função de se confundir
com o substrato formado por diversas pedrinhas coloridas na praia,
assim elas não se sobressaem, e fica difícil para
o predador criar uma imagem de exceções. Mas e as
espécies que vivem no Brasil? Nos locais onde espécies
como Doxan hanleyanus e D. striatus vivem, o substrato
é formado por areia fina!
Um bom exemplo das cores usadas como
camuflagem está na capacidade dos polvos de mudar sua cor
para combinar com o tipo de fundo em que se encontram. Esta capacidade
de se mimetizar no ambiente lhe fornece proteção imediata
quando perseguido pelo predador. Mas muitos outros moluscos estão
recobertos pelo periostraco, então a cor por debaixo perde
a função. Outros ainda vivem em locais muito fundo,
aonde a luz do sol não chega, então a cor deixa de
existir, não fazendo a menor diferença ou proporcionando
vantagem alguma.
As cores são produto de elementos
químicos dissolvidos na água ou no alimento consumido
que não foram metabolizados pelo molusco. Então, existe
a teoria de que aqueles compostos não metabolizados pelo
molusco ou que seriam venenosos se acumulados em seus tecidos, seriam
depositados na concha. Mas para que consumir energia depositando
na concha ao invés de simplesmente elimina-lo? E as espécies
albinas, deveriam morrer de envenenamento antes de atingir a fase
adulta, já que não conseguiriam eliminar estes compostos.
Algumas espécies devem sua cor ao alimento que consomem,
como no caso da Simnia, que possui a cor da esponja que consome.
Mas isto não se aplica ao Conus mauricioi, por exemplo. Populações
que vivem no mesmo local possuem uma grande diversidade de cores,
mas o tipo de alimento é igual para todas.
Algumas espécies parecem desenvolver
as cores e padrões de cores como meio de tornar sua concha
mais forte, sem ter que optar por conchas mais espessas, que seriam
mais pesadas. Outra função da padronagem de cores
seria a de impedir a propagação de trincas. Esta teoria
é bem aplicada para espécies que quando jovens possuem
um padrão de cores bastante elaborado mas que vão
abandonando-o conforme ficam maiores e a cor não proporciona
nenhuma resistência adicional.
Mas e aquelas espécies que vivem abrigadas de ondas e predadores
- não necessitam das cores como componente estrutural e já
deveriam ter abandonado durante sua evolução.
Nas aves principalmente, a cor das
penas é utilizada para conseguir uma parceira. Aquele com
as cores mais vistosas tem mais chances que outro menos colorido.
Agora transportando esta teoria para os moluscos, como pode ser
justificada se a maior parte dos moluscos não possui visão?
Em algumas espécies que podem
ser encontradas tanto em águas rasas como em águas
um pouco mais profundas, observa-se nas que vivem de águas
raras cores mais claras. Seria esta uma técnica para evitar
superaquecimento e/ou regular sua temperatura?
Algumas cores são formadas
a partir de pigmentos orgânicos conhecidos, como:
Carotenóides - amarelo; Melaninas - preto; Porfirinas - verde
e Indigoides - azul e vermelho
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