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Moluscos Cephalopoda de interesse conquiliológico no Brasil 
por Ignacio Agudo

Apropriadamente descrita na literatura técnica malacológica, “CEPHALOPODA (do grego Kephalee: cabeça; Pous, Podos: Pés = pés na cabeça)” é sem duvida alguma o grupo de invertebrados mais evoluído; moluscos de simetria bilateral, com corpo alongado no eixo antero-posterior, destacando uma cabeça anterior, mais o menos globuloide e muito desenvolvida (assim como os órgãos sensoriais), a qual esta inserido o pé, transformado em braços com ventosas na sua superfície ventral (coroa ou anel de tentáculos em volta da boca, rodeada por lábios, e provida de uma mandíbula escura, ponteaguda, com rebordos cortantes curvos, que lembra o bico dos papagaios) em numero variável, apresentando também longos tentáculos nalguns dos seus representantes (em geral, Lulas e Sépias possuem 10 tentáculos – 8 do mesmo tamanho e 2 maiores; já os Polvos apenas 8, todos iguais), que permitem em geral ao animal andar, nadar, capturar e imobilizar as presas (intenso mecanismo de ataque e defesa), e a massa visceral posterior. Corpo totalmente revestido pelo manto, tendo na sua parte ventral o denominado sifão ou hyponomo, que participa na respiração ao eliminar a água proveniente das brânquias (trás o aproveitamento do oxigênio), para a eliminação dos dejetos, bem como os produtos sexuais (ovoposição), e permitir alem ao animal mover-se com grande rapidez, quando preciso, expulsando com forca a água retida na cavidade palial (canal de comunicação com o exterior). Animais de concha ausente (Polvos), interna (Sépias e Lulas) ou externa (Nautilus – exótico do Indo-Pacifico).


Adaptado de PITONI et al (1976: 58-59)

Conforme especialistas ( RIOS 2009: 610 - 649 ), atualmente são conhecidas/ registradas para o litoral oceânico do Brasil em geral um total de 86 espécies de moluscos Cefalópodes ( Cephalopoda ), incluídas em 66 gêneros e 33 famílias. Previamente, há exata uma década, para nossa línea costeira e plataforma continental eram estimadas um total de apenas 60 formas, com 45 espécies para então conhecidas, incluídas em 31 gêneros e 15 famílias ( SIMONE 1999: 133 – Tabela 1 ). Destas, pelo menos 5 são hoje consideradas com alto potencial quanto recurso pesqueiro passível de exploração industrial, sendo que apenas outras 3 resultam de interesse Conquiliológico, os fascinantes e diferenciados moluscos objeto da nossa atenção nesta oportunidade.

Na magistral obra histórica malacológica de zoólogo “Eurico Santos” ( SANTOS 1982: 122-123 ) particularmente ficou expresso o seguinte ( textual ) :
“... Uma bela coleção de conchas devera possuir as belezas e as raridades. Não poderá faltar uma concha de argonauta perfeita, pois as trazidas a certas praias, pelas correntes, mostram-se sempre defeituosas devido a sua delicada constituição.” (*)

(*) http://www.femorale.com.br/shells/thumbpage.asp?family=ARGONAUTIDAE&cod=2940

 

Argonauta nodosa Lightfoot, 1786
               Hoje, um total de 2 famílias pelágicas monotípicas, 2 gêneros e 3 espécies viventes concretas destes notáveis cefalópodes são conhecidas no território marinho do Brasil  ( RIOS 2009: 612, 641 )

 FAMILIA: Spirulidae Owen, 1836
Spirula spirula Lamarck, 1801 ( tipo Sépia/ Lula ; apresentam concha interna )

 

 FAMILIA: Argonautidae Naef, 1912
Argonauta nodosa Lightfoot, 1786 & Argonauta argo (Linnaeus, 1758) ( tipo Polvo )**

** Em fêmeas de Argonauta os braços dorsais secretam uma concha externa, que serve de cápsula ovígera, abandonada apos a eclosão, sendo que elas podem deslocar-se arrastando dita concha, flutuando em águas pelágicas, podendo ainda encolher-se dentro dela ao ponto de ocultar-se totalmente (*) ...

(*) ARGONAUTA – PELAGIC OCTOPUS
http://rspb.royalsocietypublishing.org/content/early/2010/05/18/rspb.2010.0155.full.pdf

 

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 Argonauta nodosa ( Arvoredo, SC )

Spirula spirula ( Pinheira, SC )

 

Para obter maiores informações acerca deste maravilhoso grupo de moluscos marinhos, de interesse Conquiliológico, visite ainda os seguintes endereços virtuais:

Referências:

  • PITONI, V. L.; VEITENHEIMER, I. L. & MANSUR, M. C. D. 1976. Moluscos do Rio Grande do Sul: coleta, preparação e conservação. Iheringia, Porto Alegre, Sér. Divulgação, ( 5 ): 25-68.
  • RIOS, E. de C. 2009. Compendium of Brazilian Sea Shells. Rio Grande, RS: Evangraf, 668 p.
  • SANTOS, E. 1982. Moluscos do Brasil ( Vida e Costumes ). Belo Horizonte, MG: Editora Itatiaia Limitada, Coleção Zoologia Brasílica, 7, 141 p.
  • SIMONE, L. R. L. 1999. Filo Mollusca, Cap. 19, pp. 129-136. In: JOLY, C. A. & BICUDO, C. E. M. ( Orgs. ). Biodiversidade do Estado de São Paulo, Brasil: síntese do conhecimento ao final do século XX, 3: Invertebrados Marinhos. São Paulo, SP: FAPESP, XXIV + 310 p.  

 

 

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