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EPITONIIDAE

Características gerais: Os epitoniídeos são parentes dos jantinídeos e são agrupados na superfamília Epitonacea. Esses moluscos são caracterizados por possuírem rádula em forma de fita com muitos dentes em forma de ganchos. Os Epitonacea são carnívoros e se alimentam de cnidários: os jantinídeos são pelágicos e capturam caravelas-portuguesas e outros sifonóforos; os epitoniídeos são bentônicos e alimentam-se de anêmonas-do-mar e corais.

Algumas espécies de epitonídeos são predadoras, mas outras são ectoparasitas. As espécies predadoras engolem as presas inteiras. Algumas espécies ectoparasitas vivem junto à base da coluna do cnidário e estendem a longa probóscide até os tentáculos, retirando pequenos pedaços de tecido, sem ocasionar a morte do hospedeiro (Ex. Epitonium phymanthi, da Flórida e Caribe, probóscide com quatro vezes o comprimento da concha). Algumas espécies possuem desenvolvimento e crescimento muito rápido. Por exemplo, Epitonium ulu, do Hawaii, apresenta ciclo de vida em 39 dias: 5 dias para o desenvolvimento do embrião dentro do ovo, 14 dias para a vida da larva no plâncton, e 20 dias desde a metamorfose da larva até o amadurecimento das gônadas. Surgem em grandes densidades em algumas ocasiões, para “desaparecerem” após poucas semanas.

Os epitoniídeos são hermafroditas protândricos. Apresentam, inicialmente, uma fase masculina, com a produção de espermatozóides e, a seguir, uma fase feminina, com produção de óvulos. Os ovos são depositados em uma fieira de cápsulas que podem estar recobertas por grãos de areia.

Provavelmente todos epitoniídeos secretam uma substância púrpura, produzida na glândula hipobranquial. Muitas espécies, quando tocadas ou manuseadas, eliminam essa substância tóxica, possivelmente utilizada para anestesiar a presa ou então como defesa contra um agressor. Epitoniídeos podem ser utilizados como alimento por outros moluscos, caranguejos, equinodermos e peixes.

Os epitoniídeos possuem conchas em forma de espiral ascendente, em geral com muitas costelas axiais proeminentes. As costelas aumentam a resistência da concha. O aspecto característico da concha deu origem aos nomes populares: “wentletrap”, “staircase shells”. A palavra Epitonium é latina, e significa cavilha ou cravelha, peça utilizada para esticar e afinar as cordas de instrumentos musicais. As conchas são, em geral, brancas, mas algumas espécies possuem faixas castanhas (ex. Epitonium unifasciatum), manchas irregulares castanhas, ou são totalmente amareladas, castanhas, ou ainda raramente vermelhas. Pelo menos em algumas espécies, a cor está relacionada com a dieta do indivíduo.

- Identificação das espécies (chave dicotômica)

Características da concha:

Meio ambiente: Os epitoniídeos podem ser encontrados em todos os oceanos, vivendo desde a região entre-marés até grandes profundidades abissais. Existem cerca de 600 espécies descritas, das quais cerca de 70 habitam o Atlântico Oeste; no Brasil estão registradas 31 espécies (Rios, 1994), mas certamente outras ocorrem, já descritas ou novas.

Gêneros no Brasil:



Acrilloscala

Alora

Amaea

Cirsotrema

Cylindriscala

Depressiscala

Eccliseogyra

Epitonium

Opalia

Opaliopsis

Outros gêneros: Punctiscala

Referências:


Existe um manual recente para identificação das espécies atuais de epitoniídeos do mundo:

  • Weil, A., L. Brown & B. Neville. 1999. The wentletrap Book. Arti Grafiche La Moderna, Roma, 244p., 507 figs.

Para as espécies do Atlântico oeste, incluindo as que ocorrem no Brasil, a melhor opção é consultar as revisões publicadas em Johnsonia, pois apresentam fotos de vários indivíduos da mesma espécie, o que permite avaliar a variação intra-específica.

  • Clench, W.J. & R.D. Turner. 1950. The genera Sthenorytis, Cirsotrema, Acirsa, Opalia and Amaea in the Western Atlantic. Johnsonia 2(29): 221-246.
  • Clench, W.J. & R.D. Turner. 1951. The genus Epitonium in the Western Atlantic. Part I. Johnsonia 2(30): 249-288.
  • Clench, W.J. & R.D. Turner. 1952. The genera Epitonium (Part II), Depressicala, Cylindriscala, Nystiella and Solutiscala in the Western Atlantic. Johnsonia 2(31): 289-356.
  • Clench, W.J. & R.D. Turner. 1953. The genera Epitonium, Opalia, and Cylindriscala, in the Western Atlantic, supplement. Johnsonia 2(32): 361-363.

Para as espécies que ocorrem no Brasil, pode ser consultado o manual do Prof. Rios (1994), além da chave de identificação para 19 espécies, existente no artigo:

  • Rios, E.C. & R. Absalão. 1986. Contribucion al conocimiento de la familia Epitoniidae S.S. Berry, 1910 en el Brasil. Comunicaciones de la Sociedad Malacologica de Uruguay 6(50): 367-370.

A nomenclatura seguida nesses trabalhos sofreu algumas alterações, que podem ser verificadas consultando-se o “site Malacolog”: http://data.acnatsci.org/wasp/

 

 

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